quarta-feira, dezembro 26, 2007

Ilha Fiscal

Inicialmente, era chamada de Ilha dos Ratos, porque era coalhada de pequenas pedras cinzentas que, vistas à distância, pareciam ratos.

A necessidade de um posto alfandegário próximo ao fundeadouro dos navios mercantes em frente ao Largo do Paço (atual Pça XV) levou à construção da notável edificação na, já então, chamada Ilha Fiscal.

O castelo foi projetado pelo engenheiro Adolpho José del Vecchio, diretor de obras do Ministério da Fazenda, que o fez em estilo gótico provençal, recebendo a Medalha de Ouro em exposição na Escola Imperial de Belas Artes, e um elogio do Imperador.

A construção foi executada com qualidade por exímios profissionais. O trabalho em cantaria é de Antonio Teixeira Ruiz; os mosaicos do piso do torreão, feitos com diversos tipos de madeira, é de Moreira de Carvalho. As pinturas decorativas são de Frederico Steckel. Os vitrais são ingleses e o relógio de Krussmann. As fundições de Joaquim Moreira & Cia. O prédio foi inaugurado pelo Imperador, em 1889.

A festa programada para 19 de outubro (vide foto do convite) foi transferida, face às notícias recebidas a respeito da saúde de D. Luís, rei de Portugal e sobrinho de Pedro II, que viria a falecer em seguida.

Pouco depois, em 9 de novembro, realizou-se a festa, conhecida como o "último baile do Império", na verdade, uma recepção em homenagem à oficialidade do Encouraçado chileno Almirante Cochrane, em retribuição à bela acolhida que os chilenos haviam propiciado aos brasileiros do Navio-Escola Almirante Barroso, por ocasião de sua passagem pelo Chile, no ano anterior.

Em 1913, o prédio foi transferido para a Marinha que nele instalou a Repartição da Carta Marítima _atual Diretoria de Hidrografia e Navegação, DHN_ que desde fevereiro de 1983 funciona na Ponta da Armação, em Niterói. Em 1996, a Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural da Marinha já havia iniciado seu projeto de restauração, com o apoio do Serviço de Documentação da Marinha e sob supervisão do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).

Hoje, a Ilha Fiscal está aberta à visitação (e também para a realização de eventos). De quinta a domingo, tours guiados permitem conhecer os salões com exposições, os vitrais, os trabalhos em cantaria, todo o edifício.

Ilustram o post uma foto da Ilha e uma reprodução do convite para a famoso baile.




quarta-feira, dezembro 19, 2007

O Cabo Submarino


Em 1853, quatro anos após ter sido concluída a primeira ligação telegráfica submarina, o governo imperial já se preocupava com a ligação, por esse meio, do Brasil com a Europa. Houve algumas tentativas que não vingaram. Finalmente, em 1872, foi concedido ao Barão de Mauá, por decreto de 16 de agosto, o direito de lançar cabos submarinos e explorar a telegrafia por 20 anos.

Em 23 de dezembro de 1873, concluia-se a ligação entre Belém, Recife e Salvador ao Rio de Janeiro, na presença de Pedro II que, da praia, assistiu à chegada do cabo e a finalização da ligação em uma construção em Copacabana. Tão pronto a ligação foi concluída, o Imperador enviou cabogramas aos presidentes das três Províncias, nos seguintes termos: «Já se acha o cabo submarino no território da capital do Brasil. A eletricidade começa a ligar as cidades mais importantes deste Império, como o patriotismo reúne todos os brasileiros no mesmo empenho pela prosperidade de nossa majestosa pátria. O Imperador saúda, pois, a Bahia, Pernambuco e Pará por tão fausto acontecimento, na qualidade de seu primeiro compatriota e sincero amigo. Até aos bons anos de 1874.» Neste dia, o Barão de Mauá foi elevado a Visconde.

Em 22 de junho de 1874, quando a ligação com a Europa foi completada (de Recife a Carcavelos em Portugal,via Cabo Verde e Ilha da Madeira), a notícia foi alcançar o Imperador em visita à Biblioteca Nacional, então na Rua do Passeio, 46. Sua Majestade mandou passar cabogramas ao presidente da Brazilian Submarine Telegraph Company _depois_ Western Telegraph Co. Ltd. E aos monarcas de Portugal, Inglaterra e Áustria.

Houve manifestações na Câmara e júbilo popular. A Imprensa divulgou, por vários dias, notícias à respeito.

A gravura mostra, à direita, o casebre onde foi instalado o terminal do cabo submarino. Hoje, no local, está o prédio nº 4.228 da Av. Atlântica.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Pardais

Consta que foi Pereira Passos que mandou vir, de Portugal, 200 pardais (Passer domesticus) que foram soltos no Campo de Santana, em 1903. Ele imaginava, assim, acabar com os mosquitos da malária que infestavam a cidade. Ocorre que esses pássaros só se alimentam de insetos na época da reprodução, quando necessitam maior quantidade de proteína.

Há gente que reclama, classificando-os de praga e culpando-os pela fuga dos pássaros nativos, como o tico-tico. Na verdade, foi o próprio homem que, através da crescente urbanização e consequente eliminação das árvores frutíferas, expulsou os pássaros nativos. Os pardais são gregários e, diferentemente das espécies nativas, completamente adaptados à vida citadina; constroem ninhos em buracos de construções, sinais de trânsito, sob telhas, quase nunca em árvores.

Os ninhos têm uma forma esférica, com entrada lateral, bastante macio por dentro mas mal acabado por fora. São construídos pelos machos que, assim, conquistam a companheira. Os ovos, em geral 3 ou 4, são pintados e a incubação, feita pelo casal, demora de 11 a 14 dias. O macho distingue-se por uma mancha negra no peito e uma faixa acastanhada que vai dos olhos à nuca; alcançam 15cm de comprimento. Alimentam-se de sementes, brotos de plantas, restos de alimentos dos humanos e insetos; misturam-se às outras aves na disputa da comida. Não sabem cantar, apenas piam; e não caminham com elegância, mas aos saltos.


quarta-feira, dezembro 05, 2007

Beco das Garrafas

Na Rua Duvivier, entre os números 21 e 37, há uma pequena ruela que foi muito frequentada, na década de 1950. Aí se concentravam pequenos bares, conhecidos como "fumaceiros" cujos frequentadores faziam tanta algazarra de madrugada, quando saíam dos bares, que os moradores da vizinhança protestavam jogando garrafas desde o alto dos edifícios. Razão porque Sérgio Porto a apelidou de Beco das Garrafadas, depois abreviado para Beco das Garrafas.

No beco enfileiravam-se um «inferninho» chamadp Ma Griffe ; o bar Bottle's; a boite Baccarat, um templo da Bossa Nova; e, finalmente, o Little Club, pioneiro dos chamados shows de bolso.

No Baccarat , ficaram conhecidos e atingiram o estrelato Dulores Duran e Helena de Lima. Havia um garçon, o Pierre, que interpretava canções francesas ainda com a bandeja debaixo do braço, e que mais tarde abriu seu próprio bar, o Kilt Club,não muito longe dali, na Rua Carvalho de Mendonça.

Luiz Carlos Miele foi o mais famoso produtor de shows neste recanto de Copacabana, em que se apresentaram, entre outros, Leny Andrade, Dóris Monteiro, Tito Madi, Luís Carlos Vinhas, Sérgio Mendes, Baden Powell, Nara Leão.

Na década de 1960 entrou em decadência, perdendo o brilho e a fama conquistados na década anterior.



quarta-feira, novembro 28, 2007

Rua Anchieta

A Rua Anchieta é uma das mais antigas do Leme. Seu traçado é de janeiro de 1879.

No recenseamento realizado pelo Prefeito Pereira Passos em 1906 consta como não tendo construções. Só foi oficialmente denominada Rua Anchieta em 1917, pelo Decreto municipal no. 1.165, de 31 de outubro. Já no Recenseamento Geral de 1920, constava como possuindo 4 casas. Ia da Av. Atlântica até a Rua Gustavo Sampaio sendo posteriormente prolongada até a Rua Gen. Ribeiro da Costa (que à época se chamava Araújo Gondim).

A denominação homenageia o padre José de Anchieta, nascido em Tenerife, nas Ilhas Canárias, em março de 1534. Veio para o Brasil com a segunda leva de jesuitas, em 1553, trazido por Duarte da Costa, segundo governador-geral. Desembarcou na Bahia, mas foi logo enviado à Capitania de São Vicente; mandado ao planalto, criou um colégio para os indios, em 1554, origem da Vila de São Paulo de Piratininga; foi fundador da Santa Casa da Misericórdia, no Rio, em 1582; viveu por 44 anos entre os índios em vários locais, vindo a falecer em Reritiba, atual Anchieta, no Espírito Santo, em 9 de junho de 1597.

Autor de vários livros, incluindo uma gramática, um dicionário e um catecismo na língua Tupy, além do Poema da Virgem, escrito na praia de Iperoig _hoje Ubatuba_ e numerosos Cantos.

Em 1980 foi beatificado pelo Papa João Paulo II; atualmente, está em curso um processo de canonização para que Anchieta seja declarado santo.

A figura reproduz selo lançado em homenagem a Anchieta quando do transcurso do 4º centenário de seu falecimento.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Av. Rainha Elisabeth


Aberta em 1893 pelo Barão de Ipanema que a chamou Rua Dr. Pires de Almeida, teve seu nome alterado para Rua Valadares, em homenagem ao Prefeito Henrique Valadares (1893-1895). Em 1920, o recenseamento registrava apenas 16 construções, sendo onze com dois pavimentos e apenas um com três.

A Rainha Elisabeth e o Rei Alberto I, da Bélgica, visitaram o Brasil em setembro de 1920, razão porque o Prefeito Carlos Sampaio, por decreto de 7 de outubro de 1922, converteu a rua em avenida e lhe deu a denominação atual. O rei, em sua estada no Rio, nadou da praia de Copacabana, em frente a esse logradouro, até a Praia do Diabo.

Elisabeth era filha do Duque Carlos-Teodoro, da Baviera. Casou-se, em 2 de outubro de 1900, com o Príncipe da Bélgica, Alberto, que subiu ao trono em dezembro de 1909. Durante a Guerra de 14, Elisabeth criou hospitais e serviu como enfermeira auxiliando cirurgias, enquanto o rei comandava as tropas belgas. Alberto morreu tragicamente, em 1934, de uma queda ao escalar uma montanha. A Rainha Elisabeth voltou-se, então, integralmente, para as artes. Criou em 1937 um concurso musical que perdura até hoje. Veio a falecer, com a idade de 89 anos, em 23 de novembro de 1965.

Recentemente, o Prefeito Cesar Maia tentou alterar o nome para Avenida Rainha Elisabeth da Bélgica, no que não foi bem sucedido, permanecendo o logradouro com o nome de Avenida Rainha Elisabeth.

As fotos mostram Elisabeth da Bélgica, jovem, e o casal real quando da visita à mina de Morro Velho, em Minas Gerais.



quarta-feira, novembro 14, 2007

Av. Princesa Isabel


Alexandre Wagner, que havia adquirido as terras do Leme no final do século XIX, traçou algumas ruas em 1894. A uma delas denominou Salvador Correia de Sá, em homenagem a quem havia governado o Rio de Janeiro por três vezes (1637 a 1642; em 1648; e de 1659 a 1660).

Em 1906, o Prefeito Pereira Passos inaugurou o Túnel Coelho Cintra, também conhecido como Túnel Novo. Em 1938, o nome da via foi alterado para Avenida Princesa Isabel, em comemoração ao cinquentenário da assinatura da Lei Áurea.

Obras realizadas de 1943 a 1946 abriram uma nova galeria no Túnel Novo, intitulada Marques Porto, sendo duplicada a avenida com a demolição de uma carreira de prédios e a retirada de respeitável fatia da Praça Demétrio Ribeiro que foi, ainda, cortada na diagonal para facilitar o acesso à Rua Barata Ribeiro.

A Av. Princesa Isabel só alcançou as dimensões que apresenta hoje após a demolição do Hotel Vogue, que ficava na quadra da praia, destruído por violento incêndio, em agosto de 1955.

O atual canteiro central é resultado de obras realizadas em 1994/1996, ocasião em que o monumento ao Visconde do Rio Branco foi transferido para a metade da Praça Demétrio Ribeiro que fica junto ao Morro de São João. Até 1938, essa estátua estava na Glória. Hoje, na outra metade, e junto à avenida, fica uma estatua de Braguinha, como a dar boasvindas aos que chegam a Copacabana. No início da avenida, no outro extremo, junto à orla, foi inaugurado em 13 de maio de 2003, um monumento à Princesa Isabel.

As fotos mostram este logradouro em várias épocas. A atual Princesa Isabel e sua vizinha Rua Prado Junior, em 1910; é de se notar o tamanho que possuia a Praça Demétrio Ribeiro. Na foto colorida, da década de 1940, já se pode observar a redução da Praça. E, na foto tirada em sentido inverso, na década de 1950, nota-se que, embora já duplicada em parte, ainda não havia alcançado a Av. Atlântica.




quarta-feira, novembro 07, 2007

Trampolim do Diabo


Assim era conhecido o «Circuito da Gávea», perigoso trajeto de rua com pouco mais de onze quilômetros, de pisos variados (paralelepípedos, asfalto, cimento e terra), subidas e descidas com rampas acentuadas, curvas fechadas e perigosas. Utilizado para corrida de automóveis, no Rio de Janeiro da primeira metade do séc XX.

A partida era na Marquês de São Vicente, passava pela Bartolomeu Mitre, seguia pela Visconde de Albuquerque, Av. Niemeyer, subia pela Estrada da Gávea (onde hoje fica a Rocinha) e descia pela Marquês de São Vicente, fechando o circuito.

As corridas perduraram de 1933 a 1954, com diversas suspensões, por variadas razões, inclusive a II Guerra Mundial. A primeira corrida, intitulada pelo Automóvel Clube do Brasil de «I Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro», realizada em 1º de outubro de 1933, previa vinte voltas, o que totalizava duzentos e vinte e três quilômetros e duzentos metros completados, em pouco mais de três horas e dezenove minutos, por Manuel de Tefé, dirigindo uma Alfa - Romeo (67,162 km/h de média).

O circuito da Gávea fez famosos o italiano Carlo Pintacuda, que venceu o circuito em 1937 e em 1938, e teve seu nome transformado em substantivo comum denotativo de rapidez; e o brasileiro Chico Landi, que venceu a corrida três vezes (1941, 1947, 1948). A última edição, em 1954, foi vencida pelo suíço Emmanuel de Graffenried, com uma Masserati. É de se notar que a maior velocidade média foi obtida, em 1952, pelo argentino José Froilán Gonzalez que, com sua Ferrari, atingiu 90,321 km/h.

As fotos mostram: o local da partida e chegada, na Av.Marquês de São Vicente; a subida da Av. Niemeyer; e Manoel de Tefé, na Alfa-Romeo com que venceu em 1933.





quarta-feira, outubro 31, 2007

Fonte Adriano Ramos Pinto

Pouca gente conhece o monumento por seu nome oficial. É a escultura, de 7 metros de altura, em alvo mármore de Carrara, em que três jovens, representando a Mocidade, se acercam de Cupido, que, no alto, personifica o Amor. A obra foi encomendada ao escultor francês Eugène Thievier, e presenteada à cidade pela Casa Adriano Ramos Pinto, fundada em 1880 na cidade do Porto, e grande exportadora de vinhos para o Brasil no início do século XX. Foi uma contribuição aos trabalhos de embelezamento da cidade, então levados a cabo por Pereira Passos.

A fonte foi inaugurada em 24 de janeiro de 1906, no jardim da Glória (perto de onde se encontra, hoje, a Estação do Metrô), pelo Presidente Rodrigues Alves. Após a cerimônia, o Prefeito Pereira Passos convidou as autoridades para uma mesa de doces no English Hotel (que funcionou por 30 anos no Palacete Bahia, no local onde hoje está o Palácio São Joaquim). Nesta ocasião, coube a Olavo Bilac fazer, em nome da cidade, o discurso de agradecimento à empresa Adrianio Ramos Pinto & Irmãos.

À época, houve quem protestasse, alegando que a fonte, além de não passar de um grande reclame (publicidade) da firma lusitana de vinhos, ainda apresentava as jovens em poses licenciosas (embora conste que Pereira Passos mandara vestir _pouco, ainda assim_ uma das figuras femininas do conjunto escultórico, alertado que fora de sua nudez por enviado à França para examinar a obra em elaboração).

Em 1935, o Prefeito Pedro Ernesto mandou removê-la para a entrada do Túnel Novo, no lado de Botafogo. Teve a água cortada em 1983 por haver se transformado em banheiro de mendigos.

O monumento permanece, ainda hoje, onde foi colocado por ordem de Pedro Ernesto, sem água, depredado por vândalos, e coberto de pichações.


quarta-feira, outubro 24, 2007

Praça Cardeal Arco Verde


Ao que consta, é a praça mais antiga do bairro. O terreno teria sido doado à Municipalidade por Alexandre Wagner, em 1874, recebendo o nome de Praça Martim Afonso. Mais tarde, foi chamada de Sacopenapan em homenagem ao nome indígena do bairro. Passou a ter o nome atual a partir de 1917, em homenagem a Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, primeiro Arcebispo do Rio de Janeiro, e depois, o primeiro Cardeal sul-americano.

O recenseamento de 1920 revela que havia apenas 5 predios ao redor da praça que, por algum tempo se limitava a uma área cheia de capim onde pastavam os burricos da região. Em 1935, foi urbanizada pelo Prefeito Pedro Ernesto, que nela instalou uma Escola. Em 1942, nela foi instalado o Museu da Cidade, já que o prédio do museu, na Gávea, havia sido requisitado para alojar a Prefeitura, desalojada do centro da cidade por ocupar espaço destinado à abertura da Av. Pres. Vargas. Alguns anos mais tarde, o museu foi removido, mas permaneceu no prédio um teatro de amadores, onde hoje funciona o Teatro Gláucio Gil.

A foto mostra a praça, nos anos 1940, com a urbanização projetada pelo arquiteto Azevedo Neto. À esquerda, vê-se parte do prédio da Escola. Em 1999, foi reurbanizada, e perdeu mais uma fatia, desta vez para a instalação da Estação Arco Verde do Metrô.

Parece curioso que na praça com o nome de um alto dignatário da Igreja Católica exista um chanukiá, candelabro de 9 velas, tradicional símbolo do judaismo. A seu pé há uma placa que diz: o candelabro proclama a mensagem universal da liberdade de culto assim como a vitória da luz sobre a escuridão através de atos diários de bondade. Este monumento ali está desde 12 de dezembro de 2004, por iniciativa da organização judaica Beit Lubavitch.


quarta-feira, outubro 17, 2007

Rua do Sabão e suas Igrejas

A pista lateral da Av. Presidente Vargas, lado ímpar, era a Rua Gen. Câmara, antes Rua do Sabão. A ela se referia a antiga canção inspirada no «Vem cá, Bidú» (Cai, cai, balão,/Na Rua do Sabão./Não vou lá, não vou lá, não vou lá,/Tenho medo de apanhar).

Sua origem remonta ao séc XVII, um caminho que se estendia da praia aos campos da cidade, atravessando alagados. Antes de ser Rua do Sabão, devido ao armazém de sabão alí instalado ainda nos tempos coloniais, foi Caminho para a Candelária

A Igreja do Senhor do Bonfim do Calvário originou-se de uma capela construída na esquina da Rua da Vala (atual Uruguaiana). Foi uma das primeiras que se edificaram no Rio do séc XVIII, e que teve o mesmo fim que a Igreja de São Pedro, na rua ao lado, demolida para dar lugar à pista central da Av. Presidente Vargas.

O mesmo fim teve uma igreja da Rua do Sabão, a dedicada à NªSª da Conceição, construída pelo Cônego Antonio Lopes Xavier em 1757. Tinha a seu lado um asilo e um cemitério onde esteve enterrado, por algum tempo, os restos do Almirante Joaquim José Inácio de Barros, o Visconde de Inhaúma, membro de sua Irmandade.

Como quarta igreja dessa lista de desaparecidas para a construção da avenida consta, ainda, a de Bom Jesus, de arquitetura jesuítica, originada de uma ermida erigida, em 1719, por um devoto. Possuia, ao lado, o hospital da Irmandade que dava frente para a Rua do Sabão, fundos para a Rua de São Pedro, e a lateral direita para a Uruguaiana. Aí esteve, em 1815, abandonado por meses, o corpo de Luis Carlos Martins Pena _diplomata, dramaturgo introdutor da comédia de costumes no Brasil_ morto em Lisboa e enviado ao Rio para sepultamento.

Logo após o fim da Guerra do Paraguai, passou a ser Rua General Câmara, em homenagem a José Antônio Correia da Câmara, segundo Visconde de Pelotas, comandante da vanguarda de nossas tropas em Cerro Corá, onde foi morto Solano López. Com a construção da Pres. Vargas foi a homenagem transferida para a esplanada do castelo e, embora tenha se tornado célebre como general, no novo logradouro aparece promovido a marechal.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Av. Pres. Vargas


A grande avenida, inaugurada em 7 de setembro de 1944, existe graças à demolição de mais de 500 construções nas quadras compreendidas entre a Rua Gen. Câmara (antiga Rua do Sabão) e a Rua de São Pedro; estas duas ruas passaram a constituir as pistas laterais (lados impar e par, respectivamente) enquanto a pista central ocupa o lugar que era das quadras demolidas.

Dentre os demolidos estavam 4 igrejas (São Pedro dos Clérigos, São Domingos, Bom Jesus do Calvário e NªSª da Conceição); o Largo do Capim; o prédio da Prefeitura; uma fatia da Praça da República; e quase toda a Praça Onze de Junho, centro do samba e local dos desfiles carnavalescos até então.

(O Largo do Capim foi objeto de Post do dia 27jun; a Igreja de São Pedro, dia 12set; e a Praça da República, 03/10/2007.)

Nas duas fotos mostradas acima pode-se ver a região da Praça da República à Candelária, antes e depois da grande demolição. O prédio da Prefeitura é o que se vê ao pé da foto "antes"; a seu lado, a Escola Rivadávia Correa que permanece no local até hoje, e tem como endereço: Av. Pres. Vargas, 1314.



quarta-feira, outubro 03, 2007

Campo de Santana (Praça da República)



O areal cheio de mato e alagadiços era conhecido, no século XVIII, como Campo de São Domingos, graças a uma capela levantada por uma Irmandade de devotos do santo.

Em 1735, graças a uma outra capela, dedicada a Santa Ana, levantada no local onde hoje está a estação ferroviária, passou a ser conhecido como Campo de Santana. Mais tarde, em 1790, os banhados começaram a ser aterrados, e o local ganhou um chafariz, logo chamado de Chafariz das Lavadeiras, graças às frequentadoras, e ali permaneceu até 1873, quando foi demolido.

Em 1818, ali foi D. João aclamado rei, com grande comemoração. Quatro anos depois, seria palco de nova aclamação: a de Pedro I, como imperador do Brasil. Desde então passou a ser conhecido como Campo da Aclamação. Em 1831, foi palco de manifestações populares contra D. Pedro que resultaram em sua abdicação. O nome mudou para Campo da Honra, não referendado pelo povo que continuou a chamá-lo da Aclamação.

Em 1880, o parque foi reinaugurado, após uma grande reforma feita pelo paisagista Glaziou. Nove anos depois, foi testemunha de uma movimentação de tropas, tomada pelo povo como exercício militar, quando o que ocorria, na verdade, era a deposição do Gabinete Ouro Preto e a proclamação da República por Deodoro. Alguns meses depois, teve seu nome oficial alterado para Praça da República, mas o povo persiste em chamá-lo pelo antigo nome de Campo de Santana.

Com a abertura da Av. Presidente Vargas, teve seu tamanho bastante reduzido, o que se pode constatar na foto aérea de 1930. Nela se identifica, ainda, a estação D.Pedro II; o antigo edifício do Ministério da Guerra, o Monumento a Benjamin Constant (hoje no centro da Praça); a casa do Marechal Deodoro e a antiga Casa da Moeda (atual Arquivo Nacional); na parte superior da foto vê-se a igreja de Santana, e a Praça Onze que demarca as quadras que seriam demolidas para a construção da Av. Presidente Vargas.

quarta-feira, setembro 26, 2007

Avenida Atlântica

Foi o Prefeito Pereira Passos que decidiu construir ao longo da praia uma rua de serviço. O nome Avenida Atlântica foi sugerido pelo próprio Pereira Passos. Os planos foram aprovados pelo Decreto Municipal nº561, de 4 de novembro de 1905, sendo as obras iniciadas sob a direção do engenheiro José Américo de Souza Rangel, autor do projeto. A avenida tinha apenas quatro metros de largura. (É de se notar que existiam apenas 150 automóveis na cidade.) As obras se prolongaram até 1908, sendo inaugrada pelo Prefeito Souza Aguiar.

Em 1910, dado o aumento da quantidade de automóveis e a crescente popularização da prática do banho de mar, a avenida mostrou-se muito acanhada, sendo alargada para 19 metros pelo Prefeito Bento Ribeiro. A obra só foi concluída em 1918, já sob a administração de Paulo de Frontin. Em 1920, a avenida já possuia 116 edificações, sendo 32 térreos. Nessa época, uma ressaca destruiu o calçamento, que foi refeito no período 1921/1922. Outra ressaca obrigou a se refazer a orla. Decidiu-se, então, reforçar a mureta com um respeitável alicerce de concreto, sendo concluída em 1924, ocasião em que se resolveu dotar a praia de postos de salvamento. Os guarda-vidas ficavam no alto de postes de concreto.

Em 1934, parte do morro do Inhangá que ainda chegava à Av. Atlântica foi cortado para aconstrução da piscina do Copacabana Palace. Em 1951, o que havia restado dessa pedra junto ao Hotel foi retirado para a construção do grupo de edifícios Chopin, Balada e Prelúdio.

De 1969 a 1971, grande obra foi realizada pelo Governador Negrão de Lima, por sugestão de Lúcio Costa e projeto do engenheiro Raimundo de Paula Soares. Sobre a areia foram construídas duas pistas de rolamento com um calçadão central sob o qual instalou-se o Interceptor Oceânico da Zona Sul, a maior obra de esgotamento sanitário até então feita na cidade. Todo o espaço até então usado pela antiga avenida e suas duas calçadas transformou-se em largo calçadão junto aos prédios; o atual estacionamento fica sobre o que era a areia da praia. Esta teve sua largura ampliada, com areia retirada do fundo do mar por dragas. Os mosaicos dos calçadões foram desenhados por Roberto Burle Marx, utilizando pedras de três cores, representando os povos que formaram a população brasileira. O calçadão junto à areia manteve o antigo desenho, oriundo de Portugal, uniformizando a orientação e ampliando o tamanho das ondas, fazendo-as condizentes com a largura da nova calçada.

Em 1975, foram construídos novos postos de salvamento, projetados pelo arquiteto Sérgio Bernardes. Na administração do Prefeito Saturnino Braga (1986-1988) foram plantados grupos de coqueiros na areia e, na de Marcelo Alencar (1983-1986), construídos quiosques fixos e uma ciclovia.

A via que começou em 1905 como simples rua de serviço, transformou-se em monumental avenida, que projeta o nome do Rio de Janeiro pelo mundo.

Nas fotos pode-se ver a Pedra do Inhangá ao lado do Copacabana Palace, antes da construção da piscina, e, na vista aérea, a retirada final para a construção do grupo de edifícios Chopin, Balada e Prelúdio. Abaixo, as fotos que mostram a Avenida nos anos 1950 e, depois do alargamento, nos anos 1970.



quarta-feira, setembro 19, 2007

Rua Siqueira Campos


Aberta em terras doadas por José Martins Barroso, dava saída ao túnel aberto em 1893 para a passagem do bonde, tornando-se via de acesso à Copacabana. Reconhecida em 1894, pela Municipalidade, recebeu o nome de Rua Barroso.

Esse logradouro foi o primeiro, no bairro, a receber uma linha de bonde. A estação foi construída na esquina da Av. Copacabana, em frente à Praça Serzedelo Correa, onde hoje está o Centro Comercial de Copacabana. A foto de Malta, de 1921, mostra essa esquina.

Pelo recenseamento de 1920, havia na rua 150 construções, sendo 54 térreas, 73 sobrados e 23 de três pavimentos. Até 1930, as construções ficavam nas quadras próximas à praia. Com a valorização do bairro, as construções expandiram-se.

Em 1931 teve seu nome mudado em homenagem ao 1ºTenente Antonio de Siqueira Campos, um dos lideres da revolta de 5 de julho de 1922. É que o grupo conhecido como «os dezoito do Forte», liderados por Siqueira Campos, depois de abandonar o Forte de Copacabana, caminhou pela Av Atlântica até a esquina da Rua Barroso onde estavam as tropas enviadas para abafar a revolta. A foto de jornal documenta a caminhada em que não aparece Siqueira Campos, adiantado do grupo. Da areia, entricheirados no paredão, ofereceram combate, sendo quase todos mortos, restando vivos apenas Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Siqueira Campos viria a falecer em acidente aéreo quando retornava ao Brasil para participar da Revolução de 1930. Eduardo Gomes, iniciador do Correio Aéreo Nacional, chegou ao posto de Brigadeiro da Força Aérea Brasileira.


quarta-feira, setembro 12, 2007

Rua e Igreja de São Pedro


A rua de São Pedro foi aberta antes de 1620. Chamou-se Rua Antonio Vaz Viçoso e, depois, Rua do Carneiro (devido ao cirurgião Antonio Carneiro que nela residiu).

Desde a construção da Igreja (1732-1740), na esquina da Rua Miguel Couto, ela passou a ser conhecida como Rua de São Pedro. Em 1817, passou a ser, oficialmente, Rua Desembargador Antonio Cardoso, nome que não pegou, permancendo a designação de São Pedro.

Em 1943, a construção da Av.Pres. Vargas transformou a Rua de São Pedro em sua pista lateral direita (lado par), e a Rua Gen. Câmara, em pista lateral esquerda (lado ímpar); os quarteirões entre elas foram demolidos para formar a pista central. Chegaram a pensar em mover a igreja, usando rodízios, mas o custo elevado tornou proibitivo o salvamento, e ela foi demolida em nome do progresso.

A igreja de São Pedro, Igreja de São Pedro dos Clérigos, ou Igreja do Príncipe dos Apóstolos fora edificada pelo bispo D. Antonio Guadalupe para sediar a irmandade dos clérigos em casa própria. Tinha uma arquitetura bastante original, como se pode depreender da foto de Marc Ferrez, de 1898.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Praça Serzedelo Correia


Construída, em 1893, pela Cia Ferro Carril Jardim Botânico, quando da inauguração da estação de bondes de Copacabana. Levou, inicialmente, o nome de Malvino Reis, então diretor da companhia. Era bastante simples: resumia-se a um areal com vegetação rasteira. Sofreu melhoramentos em 1910, na gestão do Prefeito Serzedelo Correia, recebendo, no ano seguinte, o chafarz das Saracuras, que até então estava no patio interno do Convento da Ajuda e que seria, em 1917, transferido para a Praça Gen Osório.

Designada Serzedelo Correia por decreto de 1917, em homenagem a Inocêncio Serzedelo Correia, prefeito da cidade (1909-1910).

Em 1918, foi inaugurada a nova Matriz de NªSª de Copacabana, na esquina da Rua Hilário de Gouveia, um prédio neo-gótico, projeto de Gastão da Cunha Bahiana, demolida em 1973 sendo substituída por um edifício. No térreo deste prédio funciona, atualmente, a igreja.

E Estação de Bondes (esquina de Siqueira Campos) foi demolida nos anos 1950 sendo substituída pelo primeiro shopping center da cidade, denominado, apropriadamente, de Centro Comercial de Copacabana.

A Praça veio a sofrer muitas alterações nas décadas de 1940 e 1950. Em 1992 foi reurbanizada e gradeada. É também conhecida como Praça dos Paraíbas por ser frequentada por operários da construção civil, em sua maioria nordestinos, em seus momentos de folga.

As fotos mostram: uma, a praça no final da década de 1950, à esquerda, a Rua Hilário de Gouveia; e outra, a antiga Matriz de Copacabana, em frente à praça.

quarta-feira, agosto 29, 2007

Vila Isabel

João Batista Viana Drumond (1825-1897), o abolicionista Barão de Drumond, resolveu levantar, em 1872, um bairro nas terras da Fazenda dos Macacos que havia recém-adquirido. Encantado com Paris, o barão entregou o traçado do bairro ao arquiteto e engenheiro Francisco Bitencourt da Silva (fundador do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro). O bairro foi projetado com toques franceses, e batizado de Vila Isabel, em homenagem à filha de D.Pedro II, tendo ruas com nomes de abolicionistas.

A principal avenida recebeu o nome de Boulevard 28 de Setembro, em comemoração à data da assinatura da Lei do Ventre Livre. A praça do bairro foi nomeada Sete de Março, em homenagem ao dia da constituição do Gabinete do Primeiro Ministro Visconde de Rio Branco, que promoveu a famosa Lei de 1871, que determinava a libertação dos nascidos de mães escravas. A segunda rua em importância recebeu o nome de Teodoro da Silva, que havia assinado a Lei com a Princesa. Após a morte de Drumond, a praça passou a chamar-se Barão de Drumond.

Em 1873, o Barão havia criado a Companhia Ferro Carril de Vila Isabel, para a ligação do centro da cidade com o bairro.

Além de ter sido o primeiro bairro planejado da cidade, Vila Isabel abrigou o primeiro jardim zoológico do Rio de Janeiro. Como pretexto para incentivar a visita, o ingresso possuia um número representando um animal; no final do dia era efetuado um sorteio com prêmios em dinheiro. Esta a origem do jogo do bicho.

A foto é um cartão postal que mostra o boulevard. O canteiro central fora construído para facilitar o acesso do público ao bonde.

quarta-feira, agosto 22, 2007

Pequeno Jornaleiro

Obra do caricaturista Fritz, pseudônimo de Anísio Oscar Mota (1895-1969), homenageando os garotos que vendiam jornais pelas ruas do Rio. Iniciativa do vespertino A Noite, foi inaugurada em 1º de junho de 1933, num pequeno largo existente na confluência das ruas Ouvidor e Miguel Couto junto à Av.Rio Branco.

Consta que a estátua representa o menino José Bento de Carvalho, que aos dez anos, percorria as ruas vendendo jornais. Cantava o dia inteiro, e era famoso pela celeridade com que subia nos bondes e atravessava as ruas da cidade, a apregoar, aos gritos, as manchetes do dia.

Hoje, o monumento está na Rua Sete de Setembro, entre a Av. Rio Branco e a Rua Gonçalves Dias.

quarta-feira, agosto 15, 2007

Bairro da Urca















O morro da Urca mergulhava diretamente no mar até que, por ideia do engenheiro português Oscar d'Almeida Gama, foi feito um aterro, na década de 1920, utilizando parte do material retirado do Morro do Castelo.

O bairro teria o nome de Lavolina, o mesmo da fábrica de xampú de Oscar Gama; mas esse nome não pegou, prevalescendo o de Urca, o nome do rochedo, assim denominado, desde os tempos da fundação da cidade, pela semelhança com o casco de uma embarcação holandesa comum à epoca.

Constava do contrato com a Sociedade Anônima Empresa da Urca, empresa constituída para a execução da obra, a construção de um hotel balneário em frente à praia. Em 1933, o hotel foi transformado no Cassino da Urca que ficou famoso pela apresentação de artistas de fama internacional. Com a proibição do jogo, em 1946, o cassino foi fechado. No período compreendido entre 1950 e 1980 serviu como sede dos estúdios da TV Tupy, que tinha suas antenas no alto do Pão de Açucar.

A ponte que liga o bairro à Av. Pasteur havia sido construída, em 1908, para a atracação das barcas da Cantareira que traziam visitantes para a exposição internacional que ocorreu na Praia Vermelha, em comemoração do centenário da abertura dos portos.

Vemos nas fotos: a Enseada de Botafogo em 1893, foto de Gutierrez; a ponte, com uma barca atracada, em 1908; o andamento das obras, em 1927; e a praia com o cassino, em 1935.



quarta-feira, agosto 08, 2007

Igreja da Lapa


Em 1751, na região hoje conhecida como Lapa, foi iniciada a construção de uma igreja e seminário dedicados à Nª Sª do Carmo da Lapa do Desterro. A região vinha sendo valorizada desde a construção (1712-1726) e ampliação (1738-1744) do aqueduto.

A igreja, com projeto atribuído ao Brigadeiro Alpoim, tem uma nave única, simples, com a sacristia atrás do altar-mor. A fachada apresenta um frontão reto, clássico, onde foi acrescentado um relevo com o símbolo da Ordem do Carmo. Apenas uma torre foi construída. Os frades desalojados de seu convento no Largo do Paço em 1808, converteram, dois anos depois, a igreja em capela conventual, reformando-a internamente. No altar-mor, esculpido por Mestre Valentim, está a padroeira NªSª do Carmo, e, em quatro altares colaterais, NªSª das Dores, NªSª da Lapa, um dos Passos da Paixão, e a Sagrada Família. As pinturas de teto e a barra de azulejos foram executadas na segunda metáde do séc XIX.

Ao lado da igreja instalou-se, ainda no séc. XIX, a capela do Divino Espírito Santo que, desde o século anterior ficava em frente, no local hoje ocupado pela Sala Cecília Meirelles.

O antigo seminário da Lapa, transformado em convento carmelita, pegou fogo em 1959 quando preciosas obras em talha e pintura foram perdidas. No local, existe hoje um prédio, sem valor artístico, ocupado por empresas.

Na foto (P&B) de Marc Ferrez vê-se o edifício do Grande Hotel onde hoje funciona a Sala Cecília Meirelles.





quarta-feira, agosto 01, 2007

Rua Sete de Setembro


Surgiu do caminho aberto para a passagem de um cano de pedra que dava vasão às águas da Lagoa de Santo Antonio, um banhado que existia onde hoje é o Largo da Carioca. Ficou, por isso, sendo a Rua do Cano até 1856, quando foi nomeada Sete de Setembro.

A rua era limitada pelo muro de uma capela construída entre o Convento do Carmo e a Capela Imperial. Essa capela fora vendida, em 1635, pelos frades, a D. Maria Barreto, e posteriormente transferida à Irmandade do Senhor dos Passos. Apenas em 1857 foi a capela demolida para que a rua pudesse alcançar o Largo do Paço (hoje, Praça XV). Em seu lugar ficou uma passarela com janelas, por dentro da qual passava a familia real para ir à Capela, sem necessitar pisar o chão do Largo, livres do assédio do povo. É de se lembrar que já existia um passadiço do Palácio para o Convento, desde que este se tornara residência da Rainha D. Maria, a Louca.

O passadiço sobre a rua seria demolido no início da república, mas ela só seria alargada no início do século XX. E, em 1975, transformada, como algumas outras no centro da cidade, em via apenas para pedestres.

A foto, de Malta, mostra a passarela sobre a Sete de Setembro a que nos referimos.

quarta-feira, julho 25, 2007

Casa França-Brasil



O edifício onde está instalada a Casa França-Brasil foi mandado erguer por D.João VI, em 1819, para servir de Praça do Comércio. Projetado pelo arquiteto Grandjean de Montigny, o prédio é o primeiro registro do estilo neoclássico no Rio de Janeiro. Foi inaugurado em 13 de maio de 1820, e tornou-se logo importante centro de comércio da cidade.

Quando de seu regresso a Portugal, quis o rei deixar leis que lhe garantissem o controle da colônia. Às vésperas da partida, em 1821, o povo rebelou-se e, na Praça do Comércio, passou a exigir, entre outras coisas, uma constituição liberal. O movimento foi violentamente reprimido pelas tropas do rei, que invadiram o prédio e dissolveram a manifestação. Em protesto, os comerciantes abandonaram o prédio que acabou fechado.

Com a independência, D.Pedro I destinou-o ao uso da Alfândega. Para isso, o prédio sofreu algumas modificações levadas a cabo por André Rebouças. O Rio era o mais importante porto do nosso comércio internacional, e assim continuaria até que a inauguração do porto de Santos, no segundo reinado, viesse diminuir sua importância econômica. A Alfândega funcionou alí até 1944, quando foi transferida para a Av. Rodrigues Alves.

Embora tombado pelo Patrimônio Histórico desde 1938, o prédio vinha sofrendo com a falta de conservação, arriscado até a desabar. Depois de algum tempo sem função, passou a abrigar o II Tribunal do Juri, que o ocupou de 1956 a 1978, período em que recebeu alguma assistência.

Após a mudança do Tribunal, quase foi demolido. A construção do viaduto da perimetral havia provocado rachaduras, e o tráfego pesado abalado sua estrutura, causando infiltrações e outros comprometimentos. Obras de escoramento, concluídas em 1979, salvaram o prédio. No início da década de 1980, o IPHAN realizou grandes obras, necessárias à recuperação do prédio, e surgiram idéias de aproveitamento cultural.

Em 1984, Darcy Ribeiro, então Secretário de Cultura do Estado, iniciou conversações com o governo francês para a implantação de um centro destinado ao intercâmbio cultural entre Brasil e França. Trabalhos de restauração fizeram com que o prédio retornasse ao aspecto original, como havia sido projetado por Montigny.

Finalmente, em 29 de março de 1990, foi a Casa França-Brasil inaugurada.

A foto P&B mostra o prédio na década de 1940.

quarta-feira, julho 18, 2007

Igreja de Nª Sª de Bonsucesso













Pouco tempo depois de o padre Anchieta ter fundado, em 1582, a Santa Casa da Misericórdia, foi construída uma capela dedicada a NªSª da Misericórdia, padroeira da casa. No séc XVII a Irmandade resolveu trocar a invocação para NªSª de Bonsucesso. A pedra fundamental de uma nova capela-mor foi lançada em 1724, mas a falta de verbas impediu o aumento da nave principal. Finalmente, as obras projetadas pelo Brigadeiro Alpoim foram concluídas em 1780. A fachada, um frontispício jesuítico, bastante simples, apresenta duas janelas no côro.

O altar-mor, de 1822, é uma doação de D. Pedro I. Quando do desmonte do morro do Castelo, a igreja recebeu três altares da Capela do Colégio dos Jesuítas que existia no morro. Esses altares, esculpidos em 1620, no estilo maneirista, são os mais antigos existentes na cidade. Na sacristia há, ainda, um belo lavabo barroco português em pedra, do início do século XVIII.

Na foto do início do séc.XX, vê-se, ainda, o início da subida da Ladeira da Misericórdia e, no alto do Morro do Castelo, o colégio dos jesuítas e a torre da igreja de Santo Inácio de Lyola. Hoje, da Ladeira resta um pequeno trecho conservado como testemunho daqueles tempos. Na foto mais recente pode-se admirar a singeleza da fachada.

quarta-feira, julho 11, 2007

Igreja da Santa Cruz dos Militares


Nas ruínas do forte de Santa Cruz, construído à beira-mar, na Rua Direita (hoje Primeiro de Março) em 1585, foi instalada uma capela pela Irmandade de Sta Cruz, em 1623. A Irmandade fora criada pelos militares do Rio de Janeiro em 1611. A capela, depois de cinco anos de obras, transformou-se em sólida igreja. Serviu de catedral por duas vezes, de 1703 a 1704 e de 1734 a 1737, devido às péssimas condições da igreja de São Sebastião, no alto do morro do Castelo.

O corsário francês Duclerc, em 1710, tentou invadi-la, mas acabou sendo capturado perto dela. Duguay-Trouin, no ano seguinte, conseguiu saqueá-la.

Em 1780, foi lançada a pedra fundamental de uma nova igreja que levaria 22 anos para ser concluída. Projetou-a o Brigadeiro José Custódio de Sá e Faria. A talha foi feita por Mestre Valentim, entre 1805 e 1812. A fachada foi inaugurada por D.João em 1811; e a torre sineira, que fica no fundo do prédio, foi inaugurada no ano seguinte. Quando pronta, a igreja constituiu a melhor expressão do barroco jesuítico na cidade.

As estátuas de São Mateus e de São João Evangelista, que tinham sido colocadas nos nichos da fachada, estão hoje no Museu Histórico Nacional.

Em 1828, D.Pedro I concedeu o título de Imperial à Irmandade. Foram provedores o Duque de Caxias, em 1870, e o Conde d'Eu, marido da Princesa Isabel e Ministro da Guerra de Pedro II. Dez bandeiras tomadas ao inimigo na batalha de Avaí, em 1868, foram entregues à Irmandade para serem depositadas na igreja, a pedido dos soldados.

No quadro (acima) do inglês Richard Bates, do séc.XIX, pode-se ver a torre sineira. As fotos, abaixo, mostram a fachada e o interior.

A Igreja da Sta Cruz dos Militares foi tombada, em 1938, pelo IPHAN. Fica localizada na Rua Primeiro de Março, 36, na esquina com a Rua do Ouvidor.




quarta-feira, julho 04, 2007

Ponte da Ilha das Cobras



























A curiosa ponte pênsil «Almirante Alexandrino de Alencar» unia, ao continente, a Ilha das Cobras, onde ficavam o Hospital Central da Marinha, o Batalhão Naval e outros estabelecimentos da Marinha. Foi inaugurada em 1915, e levava o nome do Ministro da Marinha que a mandara construir. Possuia um transportador volante que percorria seus 288m de comprimento conduzindo cargas, e até 400 pessoas em pé.

Com a transferência do Arsenal de Marinha para a ilha, e a construção de um novo Depósito Naval, a ponte pênsil já não atendia às necessidades, razão porque foi necessário substituí-la pela «Arnaldo Luz», o que ocorreu em 1930.

Hoje, desmontada a ponte «Alexandrino de Alencar», permanece em serviço a «Arnaldo Luz», que já completou mais que 70 anos de uso.

Na fotos, pode-se ver: a ponte pênsil; as duas pontes, lado a lado; e, finalmente, uma vista da plataforma móvel a meio caminho do trajeto.